sábado, 11 de dezembro de 2010

TENHO UMA SEMANA PARA FAZER O QUE ANDEI A ADIAR ESTE ANO INTEIRO.






[porque tenho medo do que virá e não não sei se tenho estofo...]





Na tua lentificação habitual, perguntas-me:

- Em nome de quê ou de quem?



*Era feliz. Casada, marido atento e preocupado. Casa própria. Profissão escolhida. Uma bebé com quase um ano, que era [é?] a luz os olhos dela.

26 anos.
Do nada, foi-lhe diagnosticado um tumor cerebral. Cirurgias e mais cirurgias. Nada há a fazer. Confusa, desorientada, perdida num universo só dela.
O marido deixou-a.
A mãe não a pode ter perto...
A filha cresceu longe do olhar dela. Há dias que a conhece, outros nem por isso...

[No fundo deve existir a esperança de que tudo irá voltar a ser como dantes...]







E eu, sentada, frente a fente, convencendo-a a comer e a tomar os medicamentos. Resulta na maior parte das vezes. Digo-te que se não comeres não te dou aquele abraço... o tal de todos os dias, que se tornou um ritual entre nós. E nem sabes o quanto às vezes me contenho para não chorar, nesse conforto confuso e desorientado, mas bem assente no chão. Porque há dias que também mal me conheces. E eu não te conhecia. [E antes não te conhecesse!]

E hoje decidiste que não querias comer. Decidiste que querias deixar de tomar os medicamentos. Decidiste e pronto. E eu desfaço-me em justificações para comeres, em boas razões para não deixares de tomar os medicamentos... Mas nada...

E agora já não falas. Gritas desalmadamente:

- Em nome de quê ou de quem? [Sinto-te a raiva no olhar...]


E eu não te respondo.



[Aperto-te contra mim à espera que alguém nos responda...]