domingo, 27 de março de 2011

Não páro para não pensar. É um facto. Irrita-me olharem para mim com ar de reprovação por ter um part-time a andar sempre a correr de um lado para o outro. Irrita-me solenemente, mas já não respondo. Não corro para ganhar mais dinheiro. Ajuda nas contas sim senhor. Mas não corro pleo dinheiro. Corro por mim. Por manter-me ocupada, distraída e o trabalho é a única coisa que consegue diminuir o abismo que sinto cá dentro.

- Ah e tal.... ocupa-te com coisas que gostes... Não é a mesma coisa. A entrega não é a mesma e há sempre um aperto cá dentro. E mais não sei explicar. Hoje não tenho nada para fazer. Os planos de última hora foram pelo cano e aqui estou em frente ao computador a tentar perceber onde estou dois anos depois. Não me lembro de estar assim sem nada para fazer durante este tempo todo. Não me lembro, porque andei sempre a fugir disso... E agora... dois anos depois, onde estou? Na mesma. Não no fundo do poço, mas ainda dentro de água, a tentar pular para o parapeito, que não deixa de ser tão escorregadio como o resto das paredes. Páro e fico nisto. Desejando fugir para qualquer lado, onde não me lembre de deitar lágrimas fora e de pensar o que sou. Dois anos depois e não consigo ir àquele sítio (à última morada de todos nós) com a frequência que devia, porque é como a constatação de algo que eu ainda não acredito. Não falo muito sobre isso porque ainda continuo a sentir que conto uma história que não é a minha. Só lá vou quando o mano está comigo e é porque me sinto na obrigação, senão acreditem que não ia. Também já lá fui sozinha, porque prefiro, e assim não mostro àqueles que gosto o quanto me sinto perdida e desamparada.



[Este blog faz-me um bem do caraças... Depois de deitar isto cá para fora parece que fiquei um bocadinho mais leve...]


Mas continuo inevitavelmente triste :(